12/24/2004

Pântanos

Ouvia-se falar de pântanos,
ouvia-se um sussurro enganador
daquelas bocas nojentas e
daqueles porcos imundos.
Falar de algo prometedor,
transportarmo-nos nos ventos,
pôrmo-nos entre dois munods,
temos então de escolher:
ou o pântano e o sofrimento,
ou o céu e a liberdade.
Teremos à vista a vida e a morte
depois, pegamo-nos a um cimento
que nos racha a meio sem piedade.
Decerto não saberemos a nossa sorte.
Aí é que está o pântano perigoso!
Não é no mal que está o mal,
mas sim na indecisão em que caímos,
porque ela já denota a falta de vontade
que nos levou a chegar a tal.
E agora para onde saímos?
Agora já não interessa, já não há liberdade.
Não, não deitemos a culpa áquelas bocas,
elas têm de existir forçosamente.
São o mal que combatem o bem.
Nós é que somos coisas toscas
que se modelam livremente
pois vontade ninguém a tem.
Se não houvessem homens
também não haveriam pântanos.